Conheça o mundo da moda circular

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Já pensou na quantidade de roupas que você tem dentro do seu armário e não usa mais? O que você faz com elas? Este não é um tema tão discutido quanto a destinação de plástico e outros materiais, mas a verdade é que o impacto da indústria têxtil no Brasil não é, nem de longe, insignificante. 

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), de 2018, o Brasil é considerado a quinta maior indústria têxtil do mundo e o quarto maior produtor de denim (tecido usado para fazer o jeans) e de malhas. Resultado de toda essa produção são as sobras de materiais – aproximadamente 160 mil toneladas de resíduos por ano no país. 

É em cima deste problema que a Ciclou, startup graduada pelo InovAtiva Brasil no Ciclo 2021.2, se propõe a trabalhar. A empresa oferece serviços de upcycling – transformando peças e objetos em novos produtos, aumentando seu ciclo de vida útil, em parceria com artesãos e artistas. A ideia envolve o princípio do minimalismo, mas ainda respeitando a história e afetividade dos clientes com seus produtos.

Amanda Martins, CEO da Ciclou, usando um blazer transformado pela startup

“Todo mundo tem o direito de mudar de estilo com o passar do tempo, e não querer mais usar uma determinada peça de roupa. Mas será que não podemos transformar essa peça em algo novo que será usado, ao invés de ir ao shopping comprar outra que será mais uma vez encostada no futuro?” Amanda Martins da Silva, CEO da Ciclou, questiona dessa forma toda a relação de nossa sociedade com o consumo.

Segundo a empresária, a reciclagem é um tema popular, mas deve ser a última opção. “O problema não está somente no descarte, mas antes no consumo. O que adianta separarmos nosso lixo, mas não consumir produtos reciclados? Se a própria sociedade não absorve o produto da reciclagem, a conta não fecha.”

A economia circular se refere a uma mudança de postura ampla quanto aos nossos hábitos. E inclusive a desenvolver relações comerciais saudáveis e sustentáveis entre marca, empresa e consumidor. Amanda explica que o propósito é estabelecer parcerias onde o resíduo de um é a matéria-prima do outro, ao invés de extrair recursos naturais e automaticamente descartá-los, em um ciclo de desperdício interminável.  

A profissional comenta que, quando teve a ideia para a startup, estava aplicando o método de organização de Marie Kondo, famosa especialista no assunto. “Guarde o que te dá alegria”, é a premissa central. A inspiração veio justamente do apego emocional que ela sentia por suas peças de roupa. 

“A moda é importante e não estamos errados em querer guardar coisas que gostamos. A gente gosta de reaproveitar tudo, até o sentimento”, diz a empreendedora. Seu trabalho é vender a transformação e também valorizar o trabalho das costureiras parceiras da startup. “Não é qualquer pessoa que consegue fazer isso. Tem uma questão artística muito forte para ciclar uma peça cheia de apego emocional em algo novo.”

“Ciclar” é um termo inventado pela Ciclou, pensado para incentivar mudanças culturais em nosso consumo. O site da startup também oferece conteúdo sobre o tema, com histórias de clientes e informação relevante sobre economia circular. “Queremos inspirar pessoas a dar um novo valor para suas peças. É muito interessante o potencial dessa prática: imagine dar de presente uma mochila feita a partir de uma roupa ou colcha de avó? Ele tem uma relevância afetiva muito maior do que um item comprado em loja”, finaliza a empreendedora.

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