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O empreendedorismo de impacto é uma tendência da nova geração e veio para ficar

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“As placas tectônicas da economia estão se movimentando em um sentido que aponta para um caminho mais verde e sustentável. O que não inclui só grandes players, mas também a realidade local, com cada vez mais pessoas preocupadas com isso”, afirma Lucas Ramalho Maciel, Secretário Executivo da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO) e idealizador do InovAtiva de Impacto Socioambiental.

Lucas Ramalho Maciel, Secretário Executivo da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO)

Em entrevista ao Blog InovAtiva, Lucas contextualiza a criação da ENIMPACTO como o resultado de um grande diálogo entre atores do ecossistema de impacto brasileiro e da sociedade civil para o fomento deste setor. Seu objetivo é de implementar uma série de ações, cuja governança se daria por meio de um comitê. E uma de suas iniciativas foi justamente o InovAtiva de Impacto Socioambiental. 

“O negócio de impacto pode se beneficiar da grande maioria do conteúdo empreendedor para qualquer tipo de empresa, apenas com algumas particularidades. Já trabalhávamos com o InovAtiva Brasil, que se mostrou bem sucedido e uma referência em aceleração pública de startups. Criamos então um ‘spin-off’ deste programa, com este recorte de impacto socioambiental”, conta o profissional. 

A definição deste tipo de empreendimento foi feita pelo decreto da ENIMPACTO em 2017: empreendimentos com o objetivo de gerar impacto socioambiental e resultado financeiro positivo de forma sustentável. “Usamos uma definição abrangente porque, na minha opinião, uma política pública bem desenhada é capaz de envolver um conjunto significativo de empresas e público-alvo, além de suas inevitáveis evoluções ao longo do tempo”, explica. 

O profissional conta que este tipo específico de empreendedorismo surgiu na Inglaterra em 2000 e chegou no Brasil em 2015. Ele entende que é uma tendência provocada pela vontade dessa nova geração de empreendedores de construir um mundo melhor, ainda levando em conta suas necessidades financeiras. 

“Quando vemos Greta Thunberg discursando na ONU, ela não está sozinha – muito pelo contrário. Ela representa milhões de jovens que estão preocupados com problemas desde o aquecimento global até inclusão social de minorias no mercado de trabalho e outras questões estruturais. É uma questão de urgência que se está lidando atualmente. Eu vejo negócios de impacto como uma tentativa de dialogar com essa realidade e demonstrar que a iniciativa privada pode se envolver nesse processo.”

As particularidades dos negócios de impacto 

Lucas lista algumas particularidades específicas para negócios de impacto. A primeira delas vem logo na concepção da empresa, e é o propósito. “Isso deve estar presente nos documentos constitutivos do empreendimento. Temos um módulo no InovAtiva de Impacto Socioambiental exclusivo para apoiar o empreendedor a deixar isso o mais claro possível – como ele se propõe a abordar o problema que quer resolver”, diz. 

As métricas de impacto e sua divulgação são imprescindíveis para sustentar esse tipo de empreendimento – principalmente no que diz respeito a encontrar investidores. “Não adianta afirmar que resolve um problema sem demonstrar com números e dados que isso está realmente surtindo o efeito esperado”, diz. Por último, ele menciona a governança: é muito importante que o processo de tomada de decisão da empresa leve em consideração os interesses da sociedade que são diretamente beneficiados por seu trabalho. 

Ambiental, social e governança. Justamente os princípios de ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance). Lucas oferece mais um contexto importante: a definição da Black Rock, maior gestora de recursos do mundo, que decidiu considerar o risco ESG no mesmo patamar das avaliações de crédito e liquidez. “Quando uma organização dessa magnitude assume essa posição, o mercado tem a obrigação de acompanhar.”

A importância da inclusão da universidade no diálogo

“Estamos no processo de elaboração e implementação de políticas públicas. Uma percepção que temos em comum é que nossos esforços não vão se ampliar como almejamos se não trabalharmos também no processo de formação de novos empreendedores”, afirma o secretário. 

Portanto, parte do trabalho de fomento do empreendedorismo de impacto da ENIMPACTO, segundo Lucas, é de alcançar os estudantes universitários em sua formação, principalmente dos cursos mais relacionados com a área, como administração de empresas, economia e nos de tecnologia. 

“Precisamos apresentar conteúdo de negócios e investimentos de impacto para mostrar desde o início para esses estudantes que o empreendedorismo é uma opção de carreira. Além de conectar esse processo de formação com atividades de ensino, pesquisa, extensão e com a incubação de novas empresas nas universidades”, finaliza. 

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